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A importância de ler para o seu bebê

  • Foto do escritor: Eliézer C. Militão
    Eliézer C. Militão
  • 25 de nov.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

As crianças de até três anos de idade, para quem foi feita alguma leitura ou apresentadas as figuras de uma história, têm contato com cerca de trinta milhões de palavras a mais.


Em entrevista à BBC News, a cientista cognitiva Maryanne Wolf, afirmou que, embora pensemos na linguagem como algo natural, não é assim com a linguagem escrita. Ela não é, "nem um pouco", natural. Essa pesquisadora explica que o cérebro de uma pessoa com o desenvolvimento neurológico padrão, já nasce com os circuitos que permitem a visão, a linguagem oral, e a cognição, mas não existe uma programação genética nos humanos para aprender a ler.


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De acordo com o neurobiólogo espanhol Francisco Mora, o ato de ler não é uma característica genética transmitida de pai para filho, mas é algo que exige anos de muito esforço de memória e aprendizado, que pode levar até mesmo uma vida inteira. Mas, isso não é ruim.

Efetivamente, enquanto lemos, um sistema de circuitos cerebrais é ativado e quanto mais lemos, mais esse sistema é moldado no cérebro de forma cumulativa, através de processos que são responsáveis pela construção do conhecimento.

Foto: Joshua Bratt - Sunday Times
Foto: Joshua Bratt - Sunday Times

Em um artigo publicado no TheTimes, Bem Spencer, editor de ciências, apresenta os resultados de uma pesquisa conduzida pelo Professor Sam Wass, neurocientista e diretor do Instituto para a Ciência dos Primeiros Anos e Juventude, da Universidade East London. Nesse artigo, o Professor Wass destaca que, dependendo da nossa psicologia, idade e tarefas que fazemos, as sinapses dos nossos cérebros vibram em diferentes frequências o tempo todo. No entanto, o estudo constatou que quando os pais e bebês leem juntos, suas ondas cerebrais se sincronizam, atingindo os mesmos padrões. Tudo entra no mesmo ritmo, a respiração, o batimento cardíaco e o ritmo do seu cérebro.


Foto: Joshua Bratt - Sunday Times
Foto: Joshua Bratt - Sunday Times

É interessante que essa construção do conhecimento, de forma tão sofisticada, começa antes mesmo da alfabetização formal. Maryanne Wolf explica que, quando os pais ou outras pessoas leem uma história para os bebês em seu colo, ou lhes mostram as figuras nos livros, mesmo que eles ainda não consigam decifrar as letras, esse ato já está preparando a criança para o desenvolvimento de importantes habilidades emocionais, como a empatia e a capacidade de se colocarem no lugar de um personagem da história.

Em 1995, um estudo conduzido por Betty Hart and Todd Risley[i], concluiu que até os três anos de idade, as crianças para quem foi feita alguma leitura ou apresentadas as figuras de uma história, tiveram contato com cerca de trinta milhões de palavras a mais do que aquelas que não tiveram esse experiência, o que lhes dá um significativo repertório. Ou seja, as crianças que não tiveram o mesmo estímulo começam sua vida acadêmica em desvantagem.

[i] (Hart & Risley, 1995) Meaningful Differences in the Everyday Experience of Young American Children

Benefícios

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Além da vantagem acadêmica, a leitura para os bebês, mesmo nos primeiros anos de vida, os ajuda a se familiarizarem com os sons, ritmos e cadências da linguagem e fortalece o vínculo entre eles e o leitor, assim como amadurece o seu relacionamento social, pois os livros apresentam situações que estimulam a expressão de opiniões e sentimentos, especialmente a empatia; também melhora a linguagem oral e estimula a atenção, concentração, memória, vocabulário e raciocínio; incentiva a criatividade, curiosidade e imaginação; ainda permite o contato com conceitos, como números, opostos, cores e formas, de uma maneira lúdica.

O preparo para a leitura

Por vezes o bebê está inquieto e agitado, sem calma para ouvir uma história com atenção e isso é natural, pois os bebês têm dificuldade para se concentrar por mais tempo em uma atividade só, por isso é necessário respeitar essa disposição e retomar o momento da leitura mais tarde.

Uma forma de predispor seu bebê para desejar esse momento é transformá-lo em rotina. Os compreendem melhor a rotina quando você lê diariamente nos mesmos horários. Perceba as diferentes formas que o bebê usa para se comunicar, como o dedinho apontando para uma palavra ou imagem, ou tentando virar a página. Esses são alguns dos primeiros sinais que nos permitem identificar que o bebê está começando a se interessar pelo momento da leitura.

Para reforçar o valor da leitura você poderá dar livros de presente em ocasiões especiais, fazer brincadeiras, construir e usar fantoches, fantasiar-se e desenhar temas ligados à leitura.

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Durante a leitura

Para os bebês, o som das palavras soa como uma música e antes de aprenderem a falar eles aprendem o som das palavras. Eles começam a entender essa "música" bem antes de lhe atribuírem um significado. Portanto, a leitura deve ser feita em velocidade normal e o diálogo dramatizado, usando o corpo inteiro para contar a história, com mímicas, gesticulação e mudança de entonação na voz, a cada situação ou personagem. Lembre-se de que há uma leve mas importante diferença entre ler um livro e contar a história que o livro traz.

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Procure livros simples, sem imagens complexas, ritmados e cumulativos, com repetições e personagens com cores vibrantes e cheios de vida, pois embora sejam bebês, eles são muito atentos ao ambiente ao seu redor, "o seu mundo", e já conseguem "ler" as imagens. 

A leitura é um dos principais estímulos para o desenvolvimento do bebê e como esse período passa muito rápido, é essencial aproveitar cada oportunidade, maximizando assim esses benefícios.

 
 
 

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